– Pensei que o tempo não passava!
– Sabes que o tempo é relativo…
– Não é isso! O espaço que separou a última conversa e o voltar a estar aqui, contigo, novamente, parecia que nunca mais acabava!
– Sim, para além do tempo, o espaço também é relativo. Tudo é uma ilusão. Lembra-te que o que percepcionas, é apenas uma construção da tua mente, para que possas viver nesta dimensão de tempo e espaço.
– Mas Mestre, não é sobre isso que eu gostava de falar contigo. Falaste-me do processo de ascensão, e isso não saiu da minha cabeça. Fiquei mesmo muito curioso. Gostava que me explicasses esse processo e quais as implicações. Tens tempo para o fazer agora?
– Estou um pouco com pressa, mas sim, consigo dar-te uma ideia. A ascensão é um processo simples mas ao mesmo tempo complexo. Precisamos de deixar de pensar como humanos. Temos de olhar para além daquilo que vemos e percepcionamos. Tal como o tempo e o espaço.
– Mestre, estás a deixar-me cada vez mais ansioso…
– Tens de começar a pensar em deixar essa ansiedade para trás…
– Pensei que me fosses falar do meu “karma” e que a ascensão aconteceria quando morresse!
– Sim, quando morreres vais ter de o fazer. Esse processo precisa de acontecer, para que possas voltar a ser quem tu és.
Mas a boa notícia é, não precisas de morrer para que isso aconteça. Podes fazer o processo agora neste tempo de vida. Deves ter consciência de que, apesar de iniciares o processo e teres vontade de chegar ao fim, poderás não conseguir atingir totalmente a energia máxima da tua vibração. Por um lado o planeta pode não reunir as condições necessárias para que isso aconteça e, por outro depende da tua decisão a passagem das várias etapas.
– Mas isso significa que nem tudo depende de mim.
– Sim, nem tudo depende de ti. Para que o planeta reúna as condições para funcionares no nível energético de quem tu realmente és, é necessário que todos o queiram fazer ou pelo menos uma parte significativa da população o queira fazer. O atrito seria enorme se tu fizesses essa evolução sozinho. Podes e deves fazer o processo, mas irás parar no ponto em que a “corda” que te liga ao Todo estará de tal modo a vibrar que, qualquer impulso marginal a romperá. O consciente continuará a evoluir mas o teu corpo e a tua mente não poderão acompanhá-lo. Conseguirás atingir um nível de saúde elevado, a capacidade para curar-te e curar outros também será elevada mas ficará limitada à vibração que conseguires atingir.
O caminho apesar disso é muito interessante e cheio de descobertas. O facto de nem tudo estar nas tuas mãos não te deve bloquear. Deve sim motivar-te a influenciares outros a o iniciar, pois isso vai ajudar-te a chegares mais longe.
– Mas Mestre, se iniciar o processo o que me vai acontecer?
– Ninguém sabe. O caminho é teu e de mais ninguém. As portas de entradas estão lá para ti e dão acesso a um caminho que é único e onde só tu podes caminhar. Não há protocolos ou formulas secretas que te ensinem a caminhar nele. É uma descoberta e terás de ser tu a descobrir. Existe um processo e deves respeitá-lo mas o caminho é diferente para todos. O processo de ascensão, após a morte, permite-nos vibrar na frequência da qual somos feitos, na energia total da nossa vibração. Isso acontece quando largarmos o manto electromagnético, que é o nosso corpo e a nossa mente. Mas se entendermos o processo tal como ele é, podemos conseguir o mesmo, mas nesta plataforma onde vivemos tridimensionalmente.
– Mas como podemos fazer isso sem criar problemas ao que nós somos neste planeta?
– O processo ainda é longo e até podes considerá-lo como um caminho. Iniciá-lo depende da tua vontade, nem todas as pessoas estão interessadas em fazê-lo e nem todas estão preparadas, mas todas o poderão fazer, se assim o entenderem e assim o decidirem. O caminho a percorrer não é fácil e envolve querer fazê-lo e aceitá-lo.
A responsabilidade aumenta. Quando alguém decide percorrer esse caminho, tem de estar consciente da escolha. Não é porque é moda, ou um amigo ou amiga o iniciou e está a ser uma experiência interessante. Digo-te em boa verdade que até pode ser muito doloroso e, a certa altura, podes deixar de perceber o sentido de tudo o que se está a passar. Depende do que és, do que fizeste e como encaraste a tua vida até aos dias de hoje, na realidade como funcionas e todos os acontecimentos da tua vida contam, ou para te ajudar ou para te bloquear. Repara, quando digo todos os acontecimentos, são mesmo todos, desde a tua infância e adolescência, passando pelo estágio dentro da barriga da tua mãe e até situações importantes que tenham sido vividas noutras vidas. Tudo isso conta.
No entanto, entrar nessa via é vibrarmos na energia de quem nós somos, percebermos aonde pertencemos e sabermos qual a nossa missão na Terra e aceitá-la. Acima de tudo, aceitarmos Quem Somos. Para isso é necessário resolvermos todo o passado, iniciarmos uma vida no presente com uma perspectiva diferente e confiarmos que o futuro será aquilo que fizermos no agora. Quando decidimos começar, não podemos a meio caminho dizer que já não nos apetece. Isso não será possível, teremos de continuar até chegarmos a uma plataforma de equilíbrio e de nova decisão para o nosso ser. Parar entre entroncamentos pode criar desequilíbrios. Temos de estar dispostos a enfrentar o que quer que seja que tenhamos que enfrentar, correr todos os riscos, pois só existe uma escolha possível. Escolher-me a mim em primeiro lugar e estar preparado para enfrentar a solidão de estar comigo próprio. Por incrível que pareça, quando atinges esse estágio sentes pela primeira vez o significado de amar e o que é estar realmente acompanhado pois até lá estiveste sempre a caminhar sozinho, apesar da ilusão criada na tua vida pelas pessoas que te rodeavam. Estás finalmente pronto para amar e perceber o seu significado.
– Significa que tenho de largar tudo?
– Não, claro que não! Significa que tens de aceitar o caminho. Aquilo a que se chama “karma” será eliminado. As ligações que te bloqueiam serão reconstruídas. Ligações mais saudáveis aparecerão. Depois da eliminação do “karma” podes então iniciar o processo de ascensão.
– Preciso de me isolar num mosteiro?
– Não, mais uma vez não. Isso seria demasiado fácil e não atingirias aquilo que pretenderias. A dimensão e o significado do desafio são importantes para que possas entender o que atingiste, para que possas sentir orgulho em ti por o ultrapassares. O mosteiro é como um laboratório, não é a realidade. Num mosteiro, o desafio não teria a mesma dimensão, o mesmo significado. Na realidade aprenderias muito pouco sobre ti.
Como aquelas pessoas que funcionam muito bem enquanto a situação for calma e tranquila, mas quando o stress aumenta, o seu comportamento espelha imediatamente tudo aquilo que estava escondido. Assim serias tu, se te fechasses num mosteiro para conseguires fazer o processo. Tudo funcionaria bem enquanto estivesses no mosteiro.
– E o que preciso de fazer? Como é que eu sei que estou preparado?
– Precisas de querer que isso aconteça, começares a viver de forma congruente com esse querer e quando estiveres preparado o processo será iniciado. Existem pessoas que, sem o saber e sem tu teres noção, estão ou vão entrar na tua vida para te ajudar, as situações criadas irão proporcionar-te demonstrações da direcção que escolheste. À medida que ultrapassas esses “obstáculos” mudas para formas mais congruentes de funcionamento, resolves esses medos e essas dúvidas. Se caminhares nessa direcção a tua alma mostrar-se-á quando entrares na mesma frequência dela. Não vale a pena criares expectativas de como será ou seguires algum protocolo pré-formatado. As portas e o caminho são teus, não vai ser possível copiares de alguém.
– Isso não é um pouco aleatório e sem sentido?
– Não, de facto não é. Se viveres de acordo com aquilo que sentes e de acordo com aquilo que És, mais tarde ou mais cedo, isso acontecerá, se assim o desejares.
Sabes que se fosse fácil, qualquer um o faria. A partir daí podes co-criar o teu mundo, por isso a responsabilidade é enorme, o entendimento do TODO e de SERMOS TODOS UM E UM SÓ é vital. A humildade inerente tem de ser grande, pois é bem fácil tornarmo-nos arrogantes. Mas a humildade não é o cerne da questão, se for exagerada e desonesta matará a essência.
O processo inicia-se mas é infinito, terá outros desenlaces fora desta vida. Aproximarmo-nos da vibração da nossa alma depende daquilo que as condições do planeta permitem, podemos assim considerar que termina aqui na Terra, mas esse fim só é atingido quando se adquire a maturidade suficiente para entender isso tal como é, conseguiu-se um nível de consciência tal, que nos permite entender o mundo e os acontecimentos à nossa volta de uma forma clara.
– Ainda tenho muitas dúvidas, mas penso que o processo está agora mais transparente. Vou pensar se de facto o quero fazer…
– Se tiveres mais questões sobre este tema, podes em qualquer momento colocá-las. Responderei sempre com enorme prazer, e não penses que estou a ser apenas simpático. Este é um processo muito complexo e ajuda se houver um acompanhamento preciso, mas mais importante é permitires e seguires as indicações dadas.