A Sacro-Craniana é uma terapia de toque suave que aumenta a capacidade natural de cura do corpo humano, em que, essencialmente, o terapeuta encoraja o corpo a libertar restrições que não foi capaz de ultrapassar por si próprio. Ao invés de decidir como essas mudanças devem ser feitas, o terapeuta segue a resposta do corpo para saber como proceder. A sua abordagem suave garante que o método é seguro e eficaz.
Esta abordagem é praticada há, pelo menos, 50 anos e, apesar das suas múltiplas aplicações e resultados clinicamente comprovados, continua a ser desconhecida para a maioria e a gerar estranheza quer ao público em geral, quer aos profissionais de saúde. Vamos então conhecê-la melhor.
A Terapia Sacro-Craniana foi concebida e desenvolvida pelo osteopata John E. Upledger (1932-2012), nos Estados Unidos, nos anos 70 e 80 do século XX e teve como base teórica a Osteopatia Craniana apresentada pelo osteopata William Garner Sutherland (1873-1954).
A Osteopatia foi desenvolvida pelo médico e cirurgião Andrew Taylor Still (1828-1917). Quando regressou a casa depois da Guerra Civil Americana, a sua mulher e filhos morreram numa epidemia de meningite. Enquanto Still procurava encontrar um sentido para a sua tragédia pessoal, descobriu que a maioria das pessoas que morreram tinham sido tratadas pelos médicos com medicamentos muito tóxicos (na altura mercúrio). Descobriu também que nos estados onde não havia médicos e medicamentos tóxicos, as pessoas não tinham morrido na mesma epidemia. Posto isto, ele passou a defender que o corpo humano tem uma capacidade de cura própria e que, se não houver “restrições” dentro do corpo, este curar-se-á sozinho, naturalmente. Still fundou a primeira escola de Osteopatia onde procurou ensinar aos seus alunos como remover as restrições do corpo.
Um dos primeiros alunos de Still, William Garner Sutherland, ficou fascinado com um crânio desarticulado e com suturas (uniões dos ossos cranianos) que pareciam guelras de peixe. Sutherland viveu obcecado com a imagem deste crânio mais de 20 anos, o que o levou a começar a estudar o crânio em grande pormenor: como é montado, como funciona e o que acontece se não puder funcionar da forma como foi concebido.
Estava tão empenhado no processo que fazia auto-experiências, colocando capacetes e pinças em diferentes áreas da sua cabeça para ver que sintomas físicos provocava. Quando os sintomas se desenvolviam, ele descobria como resolver os sintomas autoinfligidos e documentava essas descobertas.
Curiosamente, Sutherland notou respostas mentais/emocionais como a ansiedade, a depressão e a raiva e foi capaz de as resolver também com os seus tratamentos. Desta dedicação intensa surgiu o desenvolvimento das técnicas sacro-cranianas de base que são praticadas até hoje. O seu trabalho ficou conhecido como Osteopatia Craniana e constitui as bases teóricas onde assenta o método sacro-craniano desenvolvido por Upledger.