– Colocar a mente a trabalhar para mim?

– Sim. Ela está desejosa para que isso aconteça.

– Desejosa para que isso aconteça?

– Pára de repetires o que eu digo questionando-me!

– O que estás a dizer parece-me tão estranho, que eu nem sei o que dizer…!

– O que é que tem de estranho aquilo que eu disse?

– Eu não sei explicar. Parece que estás a dizer que eu sou como uma empresa, constituída por vários departamentos, esses departamentos são constituídos por várias secções e em cada uma dessas secções existem pessoas que lá trabalham. O mais estranho disso tudo, é que insistes em nomear-me director executivo dessa empresa!

– Eu não conseguiria dizer melhor!

– Se eu sou o Director Executivo desta empresa explica-me então, qual a razão para ninguém me obedecer?

– Estiveste muito tempo ausente. Não te interessaste minimamente por nada que dissesse respeito a essa empresa, os trabalhadores tiveram de tomar decisões por ti, fazendo o teu trabalho! Nunca deste indicações claras do que pretendias. Desde que te julgas adulto, que não dás formação a ninguém dessa empresa, ou seja, não investiste no teu bem mais precioso. Sempre que era necessário tomar decisões sérias, refugiavas-te em pensamentos de medo, raiva e vingança, criando departamentos que subjugavam os outros, criando regras em cima de regras que ninguém entendia. Agora queres fazer diferente e percebes que não tens crédito nenhum na tua própria empresa, isso ainda te assusta mais e entras no mesmo ciclo de pensamentos negativos e sem soluções. Repara, eles trouxeram-te até aqui, bem ou mal conseguiram-no fazer. Mantiveram-te acima de tudo funcional. Deves agradecer-lhes o que fizeram. Não podes chegar e dizer que tudo está errado, corres o risco de te responderem: quem és tu para nos dizeres isso? Onde estavas quando tivemos dificuldades e precisámos de ti?

– Já percebi. Escusas de continuar a massacrar-me. Deixa-me fazer-te mais uma pergunta. Como é que eu mudo isto?

– Estás preparado para a resposta?

– Estou. Pelo menos estou disposto a mudar e a permitir a mudança.

– Vai doer!

– Já estou por tudo. Não consigo continuar a funcionar mais comigo mesmo desta forma. A vida é bem curta, e eu desperdicei, neste remoinho de indecisões e mal entendidos, uma parte significativa do meu bem mais precioso. Os dias passam cada vez mais rápido e eu tenho receio de chegar ao fim, olhar para trás, e tudo aquilo que eu queria fazer, ser apenas qualquer coisa lá tão ao fundo que eu já nem sei o que era…

– Sabes que não é necessário chegar a esse ponto.

– Sim, agora sei. Mas relativamente ao tempo que passou eu já não consigo fazer nada. Vamos ver o que consigo fazer para o futuro!

– Primeiro: só há soluções.

– Soluções? Mas eu só tenho problemas!

– Por isso mesmo. A partir de agora só há soluções, e quando não existirem soluções está imediatamente resolvido!

– E o que eu faço aos problemas?

– Quem é que te disse que tens problemas?

– A minha vida. Ela é só problemas! Para cada um deles tenho de procurar respostas, hipóteses, sabes todos os “ses” para ter a certeza que estou a fazer a coisa certa!

– Estás a fazer o trabalho da tua mente. Ela mantém-te ocupado dessa forma. Vives assim há tanto tempo, que já nem conheces outra forma de funcionar.

– Estás a dizer que foi a minha própria mente que me colocou sem poder de decisão?

– Sim, mas foste tu que quiseste que fosse assim, talvez por ser mais confortável e dar-te a sensação que eras tu que mandavas. A actividade era muita, estavas ocupado e ninguém fazia nada sem a tua autorização. Na realidade era apenas uma ilusão criada por ti próprio e acabaste por permitir a instalação de rotinas contrárias à tua essência.

– Conforme falas começo a entender melhor o que se tem passado na minha vida…

– A tua mente é que tem de procurar as soluções possíveis. A tua função como consciente é decidir e, quando necessário, ensinar a mente ou providenciar para que ela aprenda.

– Mas ela não me traz soluções nenhumas! Apenas me traz mais questões!

– Está na hora de inverter isso. Diz-lhe para ela esquecer essas questões e pede-lhe para trazer as soluções que resolvem isso tudo.

– Já fiz, as questões pararam mas não apareceram quaisquer soluções!

– Tens de ter calma e paciência. A tua mente está agora a trabalhar. Ela vai voltar quando a tarefa que tu lhe deste estiver concluída.

– Interessante…

– Garantidamente já fizeste isto antes. Já te ocorreu chegares ao final do dia à cama com um problema entre mãos, não conseguires ver qualquer solução para ele e quanto mais procuravas, mais problemas apareciam, como se estivesses num beco sem saída?

– Sim, tantas vezes. Até me tiram o sono!

– Mas garantidamente,  quando parecia não haver mais solução, pelo menos uma vez na tua vida perguntaste a ti próprio: Como é que posso resolver isto? Adormeceste sem qualquer esperança e, no outro dia de manhã, como que por milagre, mal abriste os olhos tinhas a resposta bem à tua frente. Como é que pensas que isso aconteceu?

– Nunca pensei nisso antes…

– A tua mente esteve a trabalhar toda a noite de acordo com a tua ordem, procurando a solução para aquele problema. Mas se a resposta não vier logo, não comeces a ficar ansioso, tens de ter paciência e esperar. A tua mente está a trabalhar no teu pedido o mais rápido que ela consegue. Se começares a pressionar vais ter uma resposta mas não a que tu precisas.

– Já estou a ver.

– Agora que já sabes, usa-o sistemática e intencionalmente, em vez de por acaso. Gostava que soubesses que colocares a tua mente a procurar soluções em vez de problemas é essencial, mas o processo não termina aqui. A intenção, o que queres ser e a satisfação são muito importantes neste processo.

– Isso parece-me bem complicado…

– Até é bem simples, mas tens de te sentir preparado para acabar com todas essas emoções negativas que habitam dentro de ti e que tens vindo a criar ao longo da tua vida. Estás preparado?