O processo de seleção de um curso na área da Medicina Holística é desafiante não só para quem está a iniciar-se neste campo, como também para quem já tenha começado e queira aprofundar o seu conhecimento em temas específicos. A escolha da escola e do curso certo pode ser difícil por diversos motivos, nomeadamente:

  1. Grande diversidade de oferta (há cursos de tudo e para tudo); 
  2. Dentro da mesma área de oferta há uma grande diversidade de critérios, ou seja, a adaptação das matérias ao mercado levou a que os intervenientes adaptassem os conteúdos à necessidade geral de obter informação em pouco tempo e sem o objetivo de exercer clinicamente, mas apenas por questões pessoais. Isto levou ao desenvolvimento de alguns formatos que têm o objetivo de fornecer informação, outros de formar terapeutas e ainda alguns que, estando no meio termo, tentam satisfazer todos – acabando por formar “pseudoterapeutas” sem a preparação adequada – e que ficam demasiado caros para aquilo que oferecem; 
  3. Muitas das técnicas são tão abrangentes, no campo de atuação, que nem sempre é claro qual delas se devem aplicar e em que situações. 

É também fundamental salientar que em Portugal, na área do conhecimento médico/terapêutico, apenas se encontram regulamentados Ciclos de Estudos para as matérias de Medicina Convencional, Acupunctura, Osteopatia, Naturopatia, Fitoterapia e Quiroprática (estando pendente a regulamentação do Ciclo de Estudos de Homeopatia por falta de referencial por parte da OMS).

Todos as restantes formações funcionam sem um programa de referência e cada entidade decide por si como atuar. 

Por esta razão, é indispensável que as pessoas saibam que parâmetros devem analisar quando procuram um curso, para que este processo possa tornar-se mais simples, tais como: 

  • Qual o programa que a escola oferece (comparar os conteúdos entre instituições e o número de horas do curso, pois colocar o tema no programa e falar sobre ele superficialmente, ou dar um manual ou um vídeo sobre o tema não vai capacitar ninguém para exercer clinicamente); 
  • Qual o número de formandos e em que condições é dada a formação (por exemplo, uma formação com mais de 25 alunos não é pedagogicamente adequada. Ainda que na teoria seja possível fazê-lo, na prática, a qualidade da formação nessas condições deixa muito a desejar); 
  • O formato da formação (presencial, online, híbrido, número de horas, existência ou não de supervisão e acompanhamento durante e após a conclusão do curso); 
  • Método de ensino (estrutura das aulas, componente prática em todas as matérias, fornecimento de materiais didáticos); 
  • Método de avaliação (para quem quer exercer clinicamente, este critério poderá ser um dos mais importantes, visto que o formando irá querer garantir a aprendizagem máxima e isso só é possível quando há um sistema de avaliação com critérios rigorosos. Denote-se que um método adequado envolve sempre um exame escrito, uma avaliação prática e a apresentação escrita e presencial de estudos de caso.);
  • Certificação da entidade (critério interessante e que pode fazer alguma diferença, mas nem sempre fundamental e não é garantia de qualidade de conteúdos, apenas garante qualidade no processo administrativo e na gestão da formação). 

Depois de analisada toda a informação dos cursos, se ainda restarem dúvidas sobre qual a melhor opção, os interessados podem e devem contactar com as escolas para marcar uma entrevista e tentar perceber detalhadamente os conteúdos/programas que vão ser lecionados e de que modo é que aquela formação específica pode ser-lhes útil tanto a nível pessoal, como profissional.

No que toca às fontes de informação a utilizar neste processo, a internet é, naturalmente, a fonte de mais fácil acesso e que contém mais informação. No entanto, é preciso estar atento a chamarizes de marketing que podem induzir o público em erro. Salienta-se, por exemplo, a questão do associativismo. É comum ver-se escolas que se declaram ser certificadas por uma determinada associação, quando na realidade essa associação foi criada pelos donos da escola e certificam apenas alunos da escola, mas é, no entanto, um excelente argumento para vender cursos sob a premissa de serem reconhecidos por uma associação. 

É, por isso, fundamental que as escolas deste setor, que se creem credíveis, procurem mostrar que têm sabedoriamétodos própriosconfiabilidade e que a medicina holística é válida. 

Na perspetiva do individuo que procura a formação, é essencial ser responsável exigente na busca e filtração da informação e não se deixar cair no erro de escolher um curso só porque é o mais rápido, o mais barato ou o mais milagroso!