Há uns anos foi-me dito que teria que retirar o trigo e os lacticínios da alimentação do meu filho para que os episódios de sinusite e asma desaparecessem. Assim comecei um percurso difícil, mas não impossível, de resolver.
Comecei por deixar de comprar pão, depois de várias reclamações comprei pão sem trigo, continuaram as reclamações e fiquei sem saber o que fazer.
Entretanto inscrevi-me no curso do perfil Alimentar e voltou o entusiasmo na pesquisa de alternativas para todos nós em casa, novos conhecimentos, novas partilhas. Voltei a fermentar alimentos e a fazer experiências em articulação com a Susana também grande entusiasta da fermentação!
Acabei por fazer o pão de centeio de fermentação natural na expectativa de ter encontrado finalmente a solução, mas os meus filhos continuaram a torcer o nariz porque tinha “um sabor esquisito” e ácido mas comiam contrariados e foram aceitando o novo sabor, até que cheguei à solução do “pão perfeito sem trigo de fermentação natural” que gerou grande aceitação pelos filhos em casa e amigos, com quem fui testando as características organoléticas e também de textura.
Como faço tudo a olho dediquei-me nos últimos dias a tomar nota das quantidades, qual cientista louca na cozinha a delirar com os resultados. Fui registando e tirando fotos rapidamente porque os pães iam desaparecendo à medida que saiam do forno.
Fiz a experiência e verifiquei que a aveia não fermenta por si só, mesmo com isco de centeio (massa mãe de centeio fermentada), então para alimentar as bactérias e gerar fermentação temos sempre que juntar centeio.
Experimentei fazer o pão em 3 etapas como preconiza o Sandor Ellix Katz e em 2 para facilitar um pouco esta tarefa de fazer pão em casa sem ter que programar com tanta antecedência.
Quem não tem a sorte de lhe ser oferecido o isco tem que passar pela tarefa emocionante de o fazer, de acordo com o artigo da Susana (Pão de Centeio Fermentação Natural).
Portanto aqui vai o resultado da minha melhor experiência:
Ingredientes
400 grs de farinha de centeio integral
800 grs de farinha de aveia
1250 ml de água morna
10grs de sal
Preparação
1º dia (à noite por exemplo)
Misturar 2 colheres de sopa de isco com 300g de farinha integral de centeio e 500ml de água morna;

2º dia de manhã
Em princípio já fermentou (aumentou de volume e tem bolhas e espaço vazios no interior conforme se pode ver nas fotos).


Juntar 100g de farinha de centeio com um pouco de água morna e mexer.

Retirar 4 colheres de sopa de massa para guardar o isco para o próximo pão (deixar que fermente antes de colocar no frigorífico).
Juntar 800g de farinha de aveia, 750ml de água morna e 10g de sal (derretido na água).
Colocar tudo nas formas forradas a papel vegetal (2 formas).

Se quiser fazer o pão sem ser numa forma, tem que reduzir a quantidade de água (esta será a minha próxima experiência!).
Esperar até que aumente de volume no local mais quente da casa coberto com pano húmido para não secar a superfície (é sensivelmente a manhã toda, depende da temperatura do ar).
Vai ao forno, a 180º C, durante uma hora (ou até mais para quem queira que fique mais tostado e mais seco).


Podem comer com azeite, ghee (Ver aqui como fazer), doce de maçã sem açúcar e até pasta de beterraba fermentada com cenoura ou raiz de aipo).

Não deixem de fazer experiências na cozinha, é sempre gratificante e muito divertido ver os resultados mesmo que não sejam os melhores! Sobretudo os comentários e expressão dos familiares e amigos quando confrontados com novos sabores e aromas naturais pois ao longo destes anos cada vez mais nos temos vindo a afastar dos cheiros, aromas e sabores naturais.
Boas experiências e magias no vosso laboratório!!