A curiosidade pelos sonhos acompanha o homem desde sempre, as experiências são ancestrais e vivenciadas desde a mais remota antiguidade. Os conteúdos sonhados eram usados como ferramentas para a resolução de problemas, para orientações e, principalmente, para a cura de doenças. Nos templos devotados a Esculápio(deus grego da saúde), realizavam-se  tratamentos terapêuticos através dos sonhos, tal como comprovam documentos antigos provenientes da Grécia Antiga. Seria injusto não nomear também outros povos que usaram na antiguidade esse mesmo potencial tais como os Hebreus, Egípcios, Hindus, Chineses, Japoneses e Muçulmanos, para além de outros.

Foi S. Freud, criador da Psicanálise e C. Jung um dos seus discípulos mais importantes, que trouxeram ao estudo dos sonhos conceitos científicos que tentavam sistematizar o conhecimento adquirido. Sigmund Freud publicou a sua teoria no livro “Interpretação dos Sonhos”, tendo considerado os sonhos como traduções dos nossos desejos e da realização destes. Já para Carl Jung os sonhos vão além da realização dos desejos humanos reprimidos no inconsciente. Segundo ele, os sonhos são um guia da nossa existência, ao mesmo tempo que revelam o mais intimo  do nosso ser, indicando os pontos da nossa experiência existencial que precisam de ser equilibrados e as atitudes que precisam ser modificadas.

Cientificamente, os sonhos são definidos como excitações da imaginação do inconsciente enquanto as pessoas se encontram adormecidas. Sabe-se hoje que até mesmo os fetos no útero materno sonham, não se conhecendo, como é óbvio, os seus conteúdos. De acordo com alguns estudos o ser humano sonha pelo menos duas horas por noite, e biologicamente o sonho é tão vital para a existência quanto respirar e dormir. Alguns investigadores salientam ainda que não sonhar pode provocar sérios distúrbios psicológicos. Os sonhos podem também ser uma forma essencial de aquisição do conhecimento intuitivo, principalmente como ferramenta fundamental para o autoconhecimento.

Sendo os sonhos vitais para a nossa vida, o que é que eles realmente significam?

Apesar de não nos lembrarmos de que sonhamos, o ser humano sonha todas as noites, excepto quando se usa medicação que tenha como efeito secundário o bloqueio do sonho. Estes sonhos servem para que a nossa mente possa “arrumar a casa” e toda a informação que foi processada durante o dia, retendo na memória aquilo que é necessário guardar. Sempre que os sonhos são bloqueados ou não estão a desenrolar-se de uma forma saudável, o ser humano percepciona ao acordar a sensação de não ter dormido e sente-se, a maior parte das vezes, cansado, pois a sua mente não ficou a funcionar de forma “limpa”.

Outro tipo de sonhos são aqueles que nos lembramos que sonhamos mas não sabemos sobre o que sonhamos. A mente está a informar-nos que existem coisas importantes a acontecer e que ela as processou da forma que achou mais adequada. Nestes casos a mente informa que é conveniente termos mais consciência no dia a dia do que se está a passar, para que actuemos de forma mais congruente com as crenças que nos regulam e que regulam o funcionamento da mente.

Existem também aqueles sonhos que nos lembramos total ou parcialmente e aqueles em que acordamos durante a noite, apenas para termos consciência da sua existência e da mensagem que eles contêm. Estes sonhos são, normalmente, carregados de simbolismo, que podemos interpretar através dos vários estudos feitos sobre esses símbolos. Todavia, na realidade só a própria pessoa os consegue interpretar. Estes sonhos não significam nenhuma previsão do que vai acontecer, mas se continuarmos no mesmo caminho e com a perspectiva actual da vida, poderá acontecer aquilo que sonhámos. A mente está a informar-nos de que existe algo que necessita de consciência e que precisamos de actuar.

Depois temos aqueles em que o tema se repete. Esses significam que não estamos a conseguir resolver a situação e a mente está a informar-nos disso mesmo, ou que não estamos a executar, na nossa existência física, a mensagem que eles contêm. Estes sonhos tem de ser tratados com acompanhamento, pois sozinhos não conseguimos resolvê-los. Outra variante dos sonhos que se repetem é quando, o tema é o mesmo mas os acontecimentos sonhados são diferentes, e muitas vezes parecem ter uma sequência. Nesses algo se passa que não está a ser resolvido, mas a pessoa deverá manter-se apenas como observadora.

De uma forma irregular, acontecem sonhos que são vividos como se fossem reais. Esses vão muito para além da nossa mente e significam informação que é trazida do outro lado do véu e que temos de colocar em pratica neste lado da nossa existência física. Energeticamente toda a informação do sonho já foi trabalhada e precisa de ser concretizada para que possamos seguir o nosso caminho.

Outro tipo de sonhos são aqueles que temos de olhos fechados e não estamos a dormir. Esses são informações da nossa alma ou podem ser  “vazamento da mente” impulsionado pela alma. A diferença está em que quando são informações da alma têm um principio, meio e fim. Quando são “imagens ou filmes” aleatórios que passam à nossa frente, trata-se apenas da mente que está a ser esvaziada. Este processo é impulsionado pela alma que se encarregou de organizar a mente para que ela funcione mais livre, permitindo assim acedermos mais facilmente às informações dadas pela alma.

Na realidade, temos duas vidas, uma de olhos abertos e outra de olhos fechados e só quando ambas funcionam fluídas e em congruência é que a nossa existência neste planeta faz sentido. Estarmos mais atentos e conscientes dos sonhos é uma forma de vivermos uma vida mais plena. Ao desprezarmos a informação que recebemos quando temos os olhos fechados, estamos a recusar todo o nosso potencial e a bloquear a elevação e evolução da nossa consciência. Utilizar essa informação da forma adequada é essencial para nós. Utilizar simbolismos, não é de todo a forma mais adequada à sua interpretação. Cada sonho é um sonho, cada pessoa é uma pessoa, e por isso a interpretação dos sonhos é única para cada pessoa. Só quando temos uma perspectiva mais global sobre a vida é que temos a capacidade de interpretar os nossos sonhos. Para tal devemos estar disponíveis para revisitarmos esses sonhos, através de processos adequados, para que a aprendizagem seja feita, devendo-se dar especial atenção aos sonhos que se repetem ou em que o tema se repete.

Em 2017 desejos-vos sonhos empolgantes, e vidas de evolução e crescimento pessoal!