O trabalho no sistema sacro-craniano assenta em 3 pressupostos:
- Existe um movimento hidráulico semi-fechado criado pelo enchimento e esvaziamento das membranas que envolvem o cérebro e a espinal medula dentro das membranas (dura-máter);
- Como resultado deste enchimento e esvaziamento, os ossos do crânio e da coluna vertebral movimentam-se num sistema dinâmico e interligado;
- Por outro lado, os movimentos do crânio e das membranas espalham-se por todo o corpo através de um tecido chamado “fáscia” e pelo líquido intersticial.
O movimento Craniano
Os 22 ossos do crânio e da face são duros, mas formam até 100 articulações diferentes que se movem em quantidades muito pequenas, mas mensuráveis.
Nos bebés, os ossos cranianos não estão completamente desenvolvidos em tamanho, mas vão crescendo juntos, flutuando num tecido conjuntivo (dura-máter), sendo que, em média, por volta dos 2 anos de idade, esses ossos irão unir-se completamente formando as suturas (união dos ossos cranianos). A dura-máter é como um balão de água que está ligada ao crânio e que suspende o cérebro num líquido para o amortecer e proteger, evitando que se acumule pressão nos tecidos moles e protegendo-o de choques e traumas.
Desde o momento da conceção, os nossos cérebros e sistemas nervosos estão constantemente a expandir-se e a contrair-se tendo como barreira a dura-máter (uma membrana impermeável). Os investigadores e clínicos que praticam a terapia Sacro-Craniana chamam a isto o Impulso Rítmico Craniano ou IRC. Isto descreve a natureza de contração e relaxamento do sistema nervoso, que permite processos normais como a ingestão de nutrientes, oxigénio ou a eliminação de toxinas ou resíduos. O local de origem deste processo é debatido, mas a verdade fundamental é que existe movimento e foi documentado por um osciloscópio há alguns anos. Numa pessoa saudável, o sistema nervoso expande-se e contrai-se 10 a 14 vezes por minuto, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Por isso, o crânio TEM de se mover para se adaptar a este movimento rítmico.
O movimento sacral
O sacro é um osso triangular situado entre a bacia. Quando nascemos, este osso é composto por cinco vértebras diferentes, mas, à medida que envelhecemos, funde-se rapidamente, tornando-se num único osso. O que torna este osso essencial para o sistema Sacro-Craniano é o que se liga ao seu interior: a dura-máter liga-se ao crânio e a outra extremidade está ligada ao sacro, no interior do osso. O crânio numa extremidade e o sacro na outra, da cabeça ao cóccix. Este sistema é dinâmico, pelo que, quando nos dobramos ou torcemos de um lado, o outro é esticado ou relaxado. Consequentemente, a expansão e contração irá gerar movimentos involuntários do sacro entre os ossos ilíacos contrários aos movimentos cranianos, quando um lado expande o outro contrai e vice-versa.
O movimento fascial
Os movimentos do crânio e das membranas espalham-se por todo o corpo através de um tecido chamado “fáscia”. A fáscia é também conhecida como “tecido conjuntivo” e está presente em todo o corpo, desde as paredes das células individuais, aos envoltórios em torno de grupos de células, aos tendões e ligamentos que nos mantêm unidos.
A um nível microscópico, a fáscia é composta por fibras que são na realidade túbulos, com gotículas de fluido a percorrê-los. Estas fibras estão em constante movimento, juntando-se e separando-se, criando e recriando novos desenhos. É através desta matriz fluida que há uma troca de informação, de nutrientes e resíduos que conduz à saúde do corpo.
Quando há uma lesão no corpo, o processo de cura pode levar a uma “restrição” dentro da fáscia. Para melhor compreendermos isto, podemos debruçar-nos sobre o tecido cicatricial: enquanto a fáscia não tem um padrão único de células, e as formas estão constantemente a dançar, o tecido cicatricial é, por outro lado, estático, imóvel, com todas as fibras alinhadas e “presas”.
A restrição pode ocorrer por muitas razões e não apenas por uma lesão evidente. Pode ocorrer com processos de doença, processos inflamatórios ou condições crónicas, ou com imobilidade criada por padrões habituais de postura, ou posicionamento habitual criado por aparelhos, como a ortodontia. Pode, ainda, ocorrer como resultado de um trauma emocional.
Com a restrição na fáscia, o problema original é agravado, exacerbado. Sem a função normal da fáscia e a circulação normal no tecido, a cura é difícil, ou por vezes impossível.
Veja o movimento fascial a funcionar: https://www.youtube.com/watch?v=UFTxm4un7Os
Porque é que a Terapia Sacro-Craniana é tão eficaz?
De modo simplificado, e resumindo tudo que se disse até agora, se os ossos do crânio não estiverem no sítio certo, então o cérebro e o sistema nervoso central não podem estar no sítio certo. O sistema hormonal não pode funcionar de forma ótima.
Apesar de as articulações dos ossos do crânio terem apenas metade da espessura de uma folha de papel, a cabeça humana é tão delicada e tão cheia de vias nervosas vitais que mesmo pequenas deformações do movimento ou da posição de um osso podem produzir sintomas físicos ou psicológicos, e muitas vezes ambos.