A evolução do conhecimento científico nos últimos vinte anos tem sido espectacular e acredito que os dez anos que se seguem serão ainda mais surpreendentes. Apesar de toda esta alegria e satisfação, não deixa de, por detrás, existir uma certa tristeza por termos perdido 100 anos. Se recuarmos no tempo e olharmos para o conhecimento de vanguarda científica no final do Sec. XIX (sim, século 19!) verificamos que evoluímos mesmo muito pouco. Parece que passámos por um período similar à Idade Média, com direito a inquisição e tudo, que começou com a Primeira Guerra Mundial e se intensificou durante e após a Segunda Guerra Mundial.
Só nos últimos anos se tem assistido ao levantar das nuvens e ainda assim falta-nos a capacidade para entender o que estamos a ver. Tantos anos passados na ignorância, limitam-nos a visão e o entendimento e, de certa forma, ainda nos tentamos encaixar naquele modelo medieval de que a Terra é o centro do Universo e que tudo circula à sua volta.
Os últimos tempos vieram provar através de experiências, até certo ponto arrojadas, que os pioneiros de há cem anos atrás estavam certos. A física quântica começa a ter alguma relevância e a dar-nos informação muito precisa de como tudo funciona.
Finalmente provou-se que a teoria sobre a existência de ondas gravitacionais de A. Einstein estava certa, fazendo-nos finalmente entrar, numa nova era de entendimento de como o Universo pode funcionar. Apesar destas e outras experiências serem de grande importância para entendermos o nosso papel neste canto azul do universo e, melhorarmos a vida em geral do planeta, existe uma experiência que ultrapassa todas as outras pelas suas implicações e que, por incrível que possa parecer, ajuda a compreender melhor a física quântica, o efeito das ondas gravitacionais e o impacto delas no nosso dia-a-dia, bem como entendermos melhor as nossas emoções e comportamentos em geral.
Surpreendam-se! Vamos falar de alimentação e o impacto da nossa flora intestinal e de todas as “floras” que sinergicamente vivem connosco.
Vou andar cem anos para trás e falar de Ilya Mechnikov (1848 – 1916), cientista russo que viveu em Paris e foi Prémio Nobel da Medicina em 1908 devido aos seus trabalhos sobre imunidade. No seguimento da sua vida teve de enfrentar várias situações de doença e isso levou-o a estudar a microbiota intestinal e a sua importância nos vários aspectos da saúde e da doença, bem como no prolongamento da vida. Esse conhecimento, tal como outros dessa altura, ficou perdido no tempo e só recentemente a ciência voltou a olhar para esse mundo desconhecido. Fazem-se viagens ao fundo dos oceanos ou até à Lua, mas ninguém sabe como os seres que vivem dentro de nós interagem connosco.
A experiência mais interessante de todas sobre este tema foi feita com ratos, e vou resumir para não perdermos o raciocínio. Infectaram-se ratos com um parasita – Toxoplasma Gondii – que no seu processo de perdurar a espécie, encontra nos intestinos dos gatos o seu ambiente favorável. Tal como o salmão que tem de subir até à nascente onde nasceu para desovar e morrer, assim esse parasita para se tornar adulto, tem de encontrar os intestinos de um gato. A vida é estranha para algumas espécies, mas é Aquilo-que-é. O que aconteceu aos ratos infectados com o parasita foi surpreendente. Deixaram de ter medo dos gatos, pareciam até apaixonados por eles, pois ao sentirem o cheiro de gatos e da sua urina, isso activava as zonas dos seus cérebros que eram comuns serem activadas quando tinham prazer sexual. Isto fez com que os ratos chegassem de livre vontade aos seus inimigos naturais para serem literalmente devorados, permitindo assim que o parasita chegasse ao intestino dos gatos, perfazendo a fase seguinte do seu ciclo de vida.
Se isto é interessante, então a experiência seguinte ainda é mais extraordinária. Descontaminaram os ratos deste parasita, mas eles mantiveram o comportamento. Isso passou a ser mesmo muito estranho e levantou mais uma serie de questões, ainda sem resposta pelos nossos cientistas.
A partir do momento em que os ratos eram contaminados e mostravam atracção pelos seus inimigos, não conseguiam mais alterar o comportamento suicida, mesmo depois de descontaminados eles mantinham o comportamento de amarem os gatos, mesmo que isso lhes trouxesse a morte. Os ratos contaminados eram saudáveis e apenas manifestavam este comportamento estranho. Parece que o parasita desenvolve as suas acções de forma cirúrgica e só altera no hospedeiro aquilo que precisa, mantendo tudo o resto intacto.
Estas e outras experiências levam cada vez mais na direcção do quão importante o nosso intestino é para a nossa saúde física, e agora também para os nossos comportamentos. Finalmente o intestino começa a ser considerado pela ciência como um segundo cérebro, e para além destas experiências, sabe-se hoje que muitas das hormonas cerebrais são produzidas maioritariamente nos intestinos.
Outras experiências com animais mostraram que, quando se introduziram cadeias específicas de bactérias nos seus intestinos, estes aumentaram a sua memória, modificaram o comportamento perante stress e alteraram os níveis de stress hormonal.
Começamos agora, cientificamente, a considerar a flora intestinal como um factor muito importante nas nossas emoções, pensamentos, comportamentos e saúde em geral.
Se adicionarmos o facto de:
– em número, mais de 90% daquilo que somos, são organismos diferentes das nossas células, e que estas são apenas uma pequena minoria, apesar de maiores;
– em massa, 4 a 5 Kg do nosso peso são seres tão minúsculos que precisamos de microscópios realmente potentes para os vermos.
Isto leva-nos à pergunta: afinal o que é que realmente somos? E o que manifestamos é o resultado de que processos? E quem é que realmente controla os processos do nosso corpo e mente?
Estarmos conscientes do impacto que a alimentação tem para nós, leva-nos a afirmar que: sem mudança alimentar não existe mudança.Qualquer mudança em que não exista uma mudança alimentar, é apenas e só uma ilusão momentânea.
Herdamos dos nossos pais, dos ambientes em que vivemos, das pessoas com quem mais intimamente vivemos, as variadíssimas floras que coabitam o nosso corpo e influenciam a nossa mente, mas será que esses seres respeitam quem somos? Respeitam as necessidades das nossas células? A resposta a estas perguntas e a outras que podem imediatamente surgir é: não sabemos.
Mas independentemente da situação, como é que podemos mudar a flora intestinal para que ela comece a trabalhar, sem sombra de dúvida, para nós?
A única forma é sabermos qual o nosso perfil alimentar e começarmos a comer de acordo com esse perfil, permitindo, assim, criar no nosso intestino a flora que nos vai dar aquilo que precisamos. Só a partir desse momento, podemos desligar o acesso à nossa mente e ao nosso subconsciente da flora que não funciona para nós, e sim egoisticamente apenas e só para ela.
É um processo de mudança e transformação. Muita da flora residente vai ter que se transformar. Outra vai manter-se tal como está. E outra, ainda, vai ter de morrer. Não é um processo rápido. Os efeitos de comerem para vocês fazem-se sentir muito rapidamente, mas a morte de algumas das estirpes que residem no vosso intestino e que não vos fazem falta, pode demorar até um ano ou mais. Por isso deslizes nesse caminho, apenas vão fazer voltar atrás todo o sucesso conseguido. Elas ficam como que adormecidas à espera da oportunidade de se alimentarem novamente, lutando pela sua sobrevivência, mantendo o seu organismo a funcionar com o mínimo para mantê-las vivas, até o alimento chegar, e quando esse alimento lhes chegar, vocês vão sentir imediatamente o seu efeito, pois vão finalmente perceber o que certos alimentos provocam no vosso corpo e mais concretamente nos vossos intestinos.
Considerem como se vocês fossem uma empresa em que algumas das funções são feitas por empresas exteriores. Para que essas empresas em outsourcing interno possam fazer as suas funções, a empresa maior teve de lhes dar acesso a alguns dos seus sistemas. Imaginem agora que descobriam que uma dessas empresas não estava a trabalhar em vosso benefício, mas apenas no seu. O que fariam?
Desde que iniciei o processo TESED, sempre dei muita importância, nos processos de retorno à saúde, às questões alimentares. Por isso, no inicio de qualquer processo de tratamento, mesmo que os intestinos não estejam afectados, é uma prioridade recomendar a mudança da alimentação de acordo com o perfil alimentar do paciente, para depois através da energia biogravitacional e de uma linguagem de codificação muito específica, eliminarmos todos os “acessos” e “programas” que a antiga flora tinha à mente do paciente, para assim retornarmos a uma situação de saúde, bem-estar e acima de tudo, caminharmos na direcção da cura.
Os tempos são de mudança e isso deixa-nos muito satisfeitos, pois aquela ciência encapotada de anjo, mas de ar inquisitório e limitador, está a acabar. Somos adeptos da ciência que não tem as respostas todas, mas não bloqueia nem as perguntas nem a observação, por mais inconveniente e desconfortável que sejam, e vai à procura das respostas, mesmo que leve muito tempo, pois sabemos que, tenha ele a dimensão que tiver, é sempre possível chegar ao fim de um caminho.