Fadiga, tensão nos trapézios e perda de entusiasmo — o que aconteceu quando o corpo reaprendeu a respirar.

Terapeuta: Natércia Luís

Em poucas linhas

Uma mulher de 31 anos, arquiteta e mãe recente, sentia-se exausta, tensa e com dificuldade em encontrar tempo para si. Tinha tensão constante nos ombros, sono interrompido pela amamentação e falta de entusiasmo. Ao longo de cinco sessões de terapia sacro-craniana, a energia aumentou, a tensão muscular desapareceu e surgiu uma sensação de leveza, prazer e entusiasmo pela vida.

“Não é questão de ter tempo, é questão de planear o tempo. Tenho tempo para tudo.”

O que a pessoa sentia

– Cansaço matinal intenso (9/10 ao acordar)

– Tensão constante nos trapézios (7/10, sem alívio ao longo do dia)

– Falta de entusiasmo e procrastinação profissional

– Relação conjugal e familiar tensas, agravadas por stress emocional após a morte do pai

– Sono fragmentado (1–3 despertares noturnos)

– Baixa ingestão de água (menos de 1L por dia)

– Alimentação vegetariana, com peso saudável, mas pouca energia sustentada

Apesar de praticar yoga semanalmente, sentia o corpo “preso” e a mente inquieta.

O que foi feito

Aplicou-se o protocolo base de Terapia Sacro-Craniana, complementado com observação dos sintomas sessão a sessão. O foco esteve em libertar tensões nos diafragmas pélvico, respiratório e occipital; facilitar a movimentação do esfenóide e temporais; promover equilíbrio autonómico e regulação do ritmo craniossacral; e aumentar a consciência corporal e a ligação entre corpo e emoções.

Plano: 5 sessões de 1 hora, 1x/semana.

Linha do tempo (em 5 sessões)

Sessões 1–2

O corpo apresentava rigidez global e movimento craniossacral rápido, pouco amplo e assimétrico. Durante o trabalho no diafragma pélvico, surgiram pensamentos recorrentes e necessidade de verbalizar emoções reprimidas. Após a segunda sessão, começou a ingerir mais água e referiu-se “mais leve”.

Sessão 3

Primeiro sinal de viragem. Relatou um pico de energia (8/10) durante a semana: trabalhou melhor, teve tempo de qualidade com a filha e conseguiu comunicar de forma construtiva com o marido. A tensão nos trapézios baixou de 7 para 4/10.

Sessão 4

O entusiasmo cresceu. Disse estar “a recomendar a terapia ao marido” e sentir uma energia nova. No final da semana, descreveu aumento da produtividade e alegria no trabalho — “as ideias fluíam”. Planeou férias e reorganizou o tempo familiar.

Sessão 5

Chegou tranquila e confiante. Durante a sessão, atingiu um estado de relaxamento profundo (“adormeceu entre passos”). No final, referiu sentir-se leve, plena e com vontade de celebrar — planeou um mergulho no mar após a sessão. Resultados medidos: Tensão nos ombros: de 7/10 → 0/10; Energia e entusiasmo: de 4/10 → 9–10/10; Sono mais reparador, humor estável e vitalidade física aumentada.

Evolução emocional

Início: sensação de peso, obrigação e culpa por não “fazer o suficiente”. Intermédio: aumento da vitalidade e clareza emocional. Final: serenidade, alegria e redescoberta do prazer — “Sinto-me eu outra vez.” A libertação dos diafragmas e do esfenóide pareceu correlacionar-se com maior fluidez emocional e leveza mental.

O que mudou

– Desaparecimento completo da tensão muscular.

– Maior energia e motivação no trabalho e na vida familiar.

– Sono e digestão equilibrados.

– Retorno do apetite sexual e prazer conjugal, acompanhados por um sentimento de confiança corporal e intimidade natural.

– Melhor gestão do tempo e autocuidado.

– Reintegração emocional: o corpo passou de “alerta constante” para ritmo natural e seguro.

O que podemos aprender com este caso

1. O corpo guarda e liberta. Ao devolver mobilidade aos diafragmas e ao ritmo craniossacral, libertam-se memórias de tensão acumulada.

1. As emoções seguem o corpo. À medida que a estrutura física se equilibra, as emoções encontram espaço para reorganizar-se.

1. Pequenas decisões mudam trajetórias. Beber mais água, planear tempo livre e voltar a sentir prazer nas rotinas são marcos de autoconsciência.

Em síntese

Este caso mostra que a Terapia Sacro-Craniana não atua apenas sobre músculos e ossos, mas sobre o ritmo profundo da vida. Através do toque subtil e da escuta corporal, é possível restabelecer harmonia entre corpo, emoção e mente.

“Tirei um peso de cima de mim.” — relatou no final da 5.ª sessão.