1) Introdução
Fala-se muito de jejum. Fala-se de relógios, de janelas, de hacks metabólicos e de “compensar” excessos. Mas quando o ruído baixa, fica uma pergunta simples: o que é que realmente constrói saúde?
Na TESED, a resposta começa sempre no essencial: qualidade da alimentação, regularidade de ritmos e coerência no dia a dia. O jejum entra aqui como ferramenta de organização, não como moda nem como atalho.
O ponto de partida é claro:
– Jejum não é passar fome, nem licença para comer “qualquer coisa” nas janelas de alimentação.
– Jejum útil = jejum de 12 horas (preferencialmente noturno) — jantar cedo e pequeno-almoço na manhã seguinte.
– Entre refeições também é jejum: não há necessidade de beliscar; até 3 refeições completas são, em regra, suficientes.
– O microbioma não melhora com jejuns prolongados; o determinante é a qualidade do que se come, não a duração da abstinência.
Porque esta posição? Porque o que mais se observa na prática é simples: quando a alimentação é pobre, o jejum não salva; quando a alimentação é boa, um jejum de 12 horas ajuda a estabilizar ritmos (glicemia, digestão, sono) sem empurrar o corpo para extremos desnecessários.
2) O que é (e o que não é) jejum em saúde
Para muitas pessoas, jejum ainda soa a “não comer” ou “ficar sem forças”. Mas em saúde, o jejum tem outro significado: é uma pausa intencional, estruturada e temporária na ingestão de energia, feita de forma consciente e com benefícios claros.
O que é jejum em saúde:
– Um intervalo que dá descanso ao sistema digestivo.
– Um período em que o corpo reorganiza ritmos metabólicos e hormonais.
– Uma prática feita de forma regular (ex.: 12 horas noturnas), sem riscos de défice.
– Uma oportunidade para estabilizar glicemia, insulina e digestão.
O que não é jejum em saúde:
– Passar fome indefinidamente.
– Saltitar refeições ao acaso e chamar-lhe “jejum”.
– Dietas de moda como o “16:8” ou “5:2”, que mais do que benefícios no microbioma, trazem muitas vezes desequilíbrio e a desculpa para comer ultraprocessados.
– Restrições prolongadas que podem desorganizar hormonas, energia e humor.
3) O jejum que faz sentido
Na TESED, o jejum é encarado como uma pausa saudável, não como uma maratona de privação. O que faz sentido — e traz benefícios reais — é o jejum de 12 horas noturnas, acompanhado de intervalos consistentes entre as refeições.
Como aplicar na prática:
– 12 horas de jejum noturno: jantar cedo (até às 19h–20h) e retomar a alimentação apenas na manhã seguinte.
– Entre refeições também é jejum: não é necessário estar constantemente a comer.
– Três refeições principais são, em regra, suficientes.
– Sem snacks desnecessários: beliscar entre refeições impede o corpo de consolidar processos metabólicos e digestivos.
O jejum de 12 horas é, no fundo, um reset diário — simples, acessível e eficaz — que melhora o sono, ajuda a digestão e cria espaço para o corpo funcionar com mais clareza.
4) O que acontece no corpo
Durante as cerca de 12 horas de jejum noturno, o corpo não fica “parado” à espera da próxima refeição. Pelo contrário: reorganiza-se de forma inteligente e previsível.
Nas primeiras horas após a refeição (0–4h):
– O corpo absorve nutrientes.
– A insulina sobe para armazenar energia.
– É a fase em que predominam os processos digestivos.
A meio da noite (4–12h):
– O fígado liberta glicogénio para manter a glicemia estável.
– A insulina desce e a glucagina sobe, abrindo espaço para queimar gorduras de reserva de forma controlada.
– O sistema digestivo descansa, reduzindo inflamação e permitindo processos de reparação celular.
No final da noite e início da manhã (cerca de 12h):
– O metabolismo está equilibrado e preparado para receber nova energia.
– A glicemia encontra-se mais estável.
– Há melhor alinhamento entre hormonas, ritmos circadianos e digestão.
5) O que não faz sentido para a saúde
Nos últimos anos, popularizou-se a ideia de que “quanto mais horas sem comer, melhor”. Protocolos como o 16:8, o 5:2 ou até jejuns de 24–72 horas tornaram-se moda. Mas quando olhamos para a evidência e para a prática clínica, a história é diferente.
Porque não fazem sentido para a saúde:
– Microbioma pouco beneficiado: as alterações são modestas, reversíveis e sem impacto duradouro.
– Risco de distorção alimentar: o jejum como desculpa para comer ultraprocessados anula qualquer possível ganho.
– Stress metabólico desnecessário: jejuns prolongados podem alterar hormonas, reduzir massa muscular e criar défices.
– Sustentabilidade baixa: protocolos radicais tendem a ser abandonados, criando frustração e sensação de fracasso.
6) Jejum e microbioma
Muitas vezes ouve-se dizer que o jejum “limpa o intestino” ou que “faz reset à microbiota”. Mas o que mostram os estudos e a prática clínica é diferente.
O que realmente acontece:
– As alterações do microbioma durante jejuns prolongados são modestas, temporárias e reversíveis.
– Ao fim de 72h, observa-se mais adaptação do que transformação.
– O suposto “reset” é mais mito do que realidade.
O que de facto transforma o microbioma:
– Fibras fermentáveis (inulina, amido resistente, legumes, fruta pouco madura).
– Polifenóis (bagas, azeite virgem extra, chá verde, ervas aromáticas).
– Alimentos fermentados (kefir, chucrute, kombucha).
– Comida real e não processada.
Ou seja: não é o jejum que cura o intestino, é a qualidade da alimentação durante as refeições. O jejum apenas ajuda a dar espaço e ritmo, mas não substitui aquilo que realmente alimenta a microbiota.
7) Aplicação prática no dia a dia
Aplicar o jejum em saúde não precisa de ser complicado. Na verdade, quanto mais simples, melhor.
Estrutura recomendada:
– Três refeições principais: pequeno-almoço, almoço e jantar.
– Jantar cedo, de preferência até às 19h–20h.
– 12 horas de pausa noturna entre o jantar e o pequeno-almoço.
– Nada de snacks ou petiscos entre refeições.
Dicas adicionais:
– O jantar deve ser mais leve e hipocalórico.
– Entre pequeno-almoço e almoço deve haver a maior janela alimentar do dia.
– O lanche só faz sentido se for antecipado (até ~17h), funcionando como jantar cedo.
– Hidratação é fundamental: água e infusões não calóricas acompanham sempre o jejum.
8) A visão da TESED
Na TESED, o jejum não é moda, nem truque, nem compensação para excessos. É uma ferramenta simples, prática e integrada que ajuda a alinhar o corpo sem o empurrar para extremos.
Os princípios que seguimos:
– Regularidade vence extremos.
– O que se come importa mais do que quando se come.
– Três refeições são suficientes.
– O jejum amplifica, não substitui.
Integrado nesta visão, o jejum é apenas uma peça do puzzle. Trabalhamos lado a lado com outras práticas de saúde integrativa — como a homeopatia, a reflexologia, a hipnose clínica e a terapia sacro-craniana — para oferecer uma abordagem completa, centrada na pessoa.
9) Conclusão
O valor do jejum não está em contar horas, mas em dar sentido às pausas. Um corpo saudável não precisa de extremos — precisa de ritmos estáveis, comida de qualidade e espaço entre refeições para se reorganizar.
O jejum de 12 horas noturnas é suficiente para estabilizar o metabolismo, dar descanso ao sistema digestivo e alinhar o corpo com os seus ritmos naturais.
Mais do que modas ou números, o que transforma a saúde é a coerência diária: três refeições estruturadas, intervalos respeitados e alimentos que nutrem verdadeiramente.
Na TESED acreditamos que cada escolha tem impacto. O jejum é apenas uma das ferramentas que, quando usada com consciência, amplifica a vitalidade e ajuda a viver com mais clareza e equilíbrio.