Quando olho para trás e tento perceber o fio orientador que regulou a minha vida ao longo dos anos, consigo entender que, apesar de não o ter feito de forma intencional, existiu algo que sempre a direccionou e que continua nos dias de hoje de forma congruente a regulá-la. Sem me ter realmente apercebido da consistência das escolhas que fiz, hoje tenho plena consciência que, aquilo que me movimentou sempre foi a curiosidade, a sede de conhecimento, a disponibilidade para aprender continuamente, considerar que falhar fazia parte da aprendizagem e enfrentar os problemas como oportunidades para aprender algo novo. Mesmo quando analiso os momentos em que essa forma de viver poderia ter sido colocado em causa, inclusive aqueles onde o desespero dominava, verifico que mantive intocáveis essas “leis”. Se olharmos para os anos que já vivi, sem esse ponto de vista parece que tudo é desconexo, o curso de engenharia, o de gestão de empresas e a integração com a aprendizagem na área das medicinas e psicologias, e até a aleatoriedade dos vários empregos que tive, se encaixam perfeitamente.
Apesar de não ser para falar da minha vida que estou a escrever este texto, essa necessidade existe para explicar algo que a partir de determinada altura me trouxe cada vez mais curiosidade e sede de perceber como funcionava. A questão da bioenergia e de como ela se relacionava com as pessoas, e essencialmente como lidar com as mesmas. Claro que para além da leitura de vários livros, senti igualmente a necessidade de aprender com alguém que já soubesse sobre o tema. Posso dizer que nesse assunto tive vários mestres, mas no meio da informação que fui absorvendo e das técnicas que fui aprendendo, havia algo que não se encaixava com a minha formação de engenharia.
No campo das ciências não existem boas ou más energias. Existe apenas uma “energia” e ela é a soma de duas componentes: a energia potencial e a energia cinética, ou seja, a energia que tem potencial para ser transformada em movimento e a energia que já se encontra em movimento, sendo que uma pode ser transformada na outra, e energeticamente, nada se perde tudo se transforma. Podemos medir para além de outras características a sua “vibração”, e quando as “vibrações” entram em ressonância o impacto energético amplifica-se – um dos casos mais extraordinários está relacionado com a queda de uma ponte nos Estados Unidos, felizmente só com danos materiais, pois na sua construção não se levou em conta a soma da “vibração” própria da ponte com a “vibração” que o vento produzia a partir de uma determinada velocidade, quando entraram em sintonia, a ponte colapsou-se como se fosse feita de papel, e não pensem que velocidade do vento era elevada, apenas a sua frequência entrou em ressonância com a da ponte.
Independentemente da forma como a energia se manifesta, ela não é boa nem má, é o que é. O modo como interagimos com ela e o uso que lhe damos é que lhe pode trazer utilidade, não ter utilidade nenhuma ou ser mesmo destrutiva.
Pelo desenvolvimento do conhecimento científico sobre energia e as formas de a usar, temos electricidade a chegar às nossas casas produzida através de barragens que aproveitam o movimento da queda da água, ou mesmo produzida por centrais termoeléctricas que aproveitam o movimento do vapor criado pelo aquecimento da água. Temos telemóveis e outros equipamentos que recebem ondas electromagnéticas, mas em nenhum desses casos temos equipamentos para receber energia boa e outros para receberem energia má, ou mesmo outros para nos protegerem das más energias, quando muito temos equipamentos que evitam interferências, para que o sinal seja o mais puro possível e sem “ruídos energéticos”.
Para que a vida faça sentido, as leis gerais que regulam a energia têm de ser as mesmas, sejam elas bioenergias, mecânicas ou electromagnéticas, se isso não acontecer algo estaria por explicar. Voltei a estudar as leis da física sobre energia, e não encontrei nada de errado, tudo parecia estar certo, até porque, afinal de contas, os telemóveis funcionam mesmo, tal como a televisão, bem como os carros que se movimentam todos os dias na rua, não eram imaginação, isso significava que havia evidências que mostravam que era mesmo assim, a energia era o que era e nós podíamos usá-la da forma que quiséssemos.
Mas havia algo que estava por explicar, quando entrava numa sala mais “carregada” sentia sensações estranhas ou mesmo depois de ter estado numa reunião com ambientes mais “pesados” sentia-me como que “esvaziado” e até podiam surgir dores de cabeça. Situações similares aconteciam quando entrava em contacto com determinadas pessoas, podendo mesmo chegar a sentir uma ligeira tristeza depressiva.
Havia algo que não era explicável e que entrava em conflito com os conceitos científicos sobre energia, apesar destes parecerem estar certos não havia forma de lidar com a bioenergia sem nos protegermos, o que era incompatível com esses mesmos pressupostos. Claro que podia sempre voltar à frase espanhola “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay” e fecharmos o assunto, mas isso não era a minha forma de estar perante a vida, tudo tem de ter uma explicação eu apenas ainda não a conhecia.
Alguma clareza apareceu quando estudei medicina chinesa e os conceitos de yin e yang. Para surpresa minha, apesar de terem mais de 5 mil anos, encaixavam-se na perfeição nos conceitos científicos sobre energia. A energia é só uma, mas apresenta-se de duas formas: a yin e a yang, o que explica o conceito de energia potencial – yin, e a energia cinética – yang, uma pode-se transformar na outra, e naturalmente no máximo de uma transforma-se na outra, para além disso, ainda englobava o conceito de uma existe sempre dentro da outra, ou seja, não é possível termos a estagnação total, tal como não é possível termos só movimento, e isso comprovava as leis da física.
Apesar disso ainda levou algum tempo para perceber que as más energias não existiam e afinal eu não precisava de me proteger delas, que não havia necessidade de fazer limpezas energéticas, e que afinal as pessoas não carregam más energias e não nos podem afectar negativamente. A energia que está disponível é a mesma para todos, e os conceitos que a regulam são os mesmos, sejam para funcionar telemóveis, sejam bioenergia e os campos magnéticos gerados pelos seres vivos, e tal como com a energia que está disponível para usarmos nos vários equipamentos que a modernidade nos trouxe, o mais importante é o modo como a usamos .
A partir daqui para não tornar a explicação enfadonha e tecnicamente difícil de seguir, usarei o formato de perguntas e respostas para um mais fácil entendimento.
P: O que significa quando entramos numa sala e sentimos o ambiente pesado?
R: Significa que temos uma sala cheia de pessoas com energia estagnada sem interesse em movimentá-la.
P: E se me sinto mal por estar nessa sala?
R: É possível que isso aconteça, mas pode ser por duas razões:
a – Estamos a sentir o ambiente e onde ele está focado, no entanto o impacto existe apenas e enquanto permanecermos nesse ambiente, como se algo estivesse a tocar momentaneamente a nossa pele, mas sem chegar a ultrapassar essa fronteira. Se frequentarmos regularmente ambientes desse tipo, corremos o risco de, a longo prazo, a nossa energia se transformar e chegar mesmo a entrar em ressonância com a desse espaço.
b – Sentirmos o movimento interno da energia no nosso corpo para entrarmos em sintonia com o ambiente por termos partes de nós que vibram na mesma frequência. Por outro lado, se frequentamos ambientes desse tipo, significa que vibramos na mesma frequência e é natural sentirmos um maior impacto pela amplificação energética causada pela entrada em ressonância.
No entanto também posso entrar nessa sala e não sentir impacto, e isso pode ser também por duas razões:
c – A minha mente estar desconectada com o meu corpo, não significa que não esteja a acontecer algo, significa apenas que eu não sinto. Pode-se revelar no espaço de um ou mesmo três dias depois, sentir-me cansado sem razão aparente ou mesmo adoecer.
d – As frequências em que o ambiente da sala vibra não fazer parte das frequências do meu ser.
P: E as pessoas que me deixam deprimido e esgotado?
R: Significa que tens energia dentro de ti que não se está a movimentar e que entrou em sintonia com a dessas pessoas, existindo um movimento energético do local “mais cheio” para o “mais vazio”. Essas pessoas libertam uma parte da energia estagnada transferindo-a para ti, ou seja, o “peso” diminuiu para essa pessoa e aumentou para ti. Agora tens mais energia disponível, mas é mais difícil de a processar, ficaste mais pesado e precisas de descansar para a transformar, o que se sente é contraditório com o facto de teres mais energia, pois é como se tivesses sido sugado. Este movimento energético é muito comum num conflito, a energia desloca-se do sítio onde está “mais cheio” para o sítio onde existe espaço. Depois temos pessoas que não conseguem transformar essa energia estagnada – normalmente encarnam o papel do agressor – e as pessoas que tem mais facilidade em transformar energia estagnada e que precisam disso para viver – a vítima, o que acaba por ser uma relação de interdependência. Sair desse processo aprendendo a lidar com o conflito e não permitir que ele se instale é a forma mais saudável de viver, tanto para um como para o outro.
P: E como posso evitar sentir esses efeitos?
R: Mudando a forma de estar perante a vida, mudando o modo como se lida com as emoções e aprender a vivenciá-las, na realidade colocar a energia estagnada que existe dentro de nós em movimento e deixarmo-nos fluir com ela. A emoção é apenas o movimento energético de algo que está estagnado dentro de nós e que nós impedimos de se manifestar, reprimindo esse movimento.
P: Como consigo deixar de ter energia estagnada dentro de mim?
R: Totalmente é impossível isso acontecer, mas podemos atingir o nível de movimento energético continuo, sabendo que dentro de nós temos energias estagnadas mas que estão disponíveis para serem movimentadas, ou seja, estamos disponíveis para aprender continuamente, e quando sentimos que não estamos mais a aprender devemos começar a fazer algo novo que não conhecemos. Aprender a lidar com as situações que levam ao conflito não permitindo que ele se instale. Resolver todas as situações que levam a ter energia estagnada dentro de nós, tal como, deixar de fazer julgamentos e por consequência deixar de viver na dualidade do certo e do errado, do positivo e do negativo, do bom e do mau. Resolver as situações e as emoções que provocam medo, culpa, ressentimento, tristeza, vergonha, mentira ou não sermos honestos connosco, trabalharmos o desapego a situações que nos prendem ao meio material, tal como, viver em função do dinheiro em vez da felicidade, preferirmos viver mal acompanhados em vez de sós, acabarmos com as relações que não nos fazem evoluir e nos tiram a motivação, deixarmos de viver a vida em função daquilo que os outros acham que é importante e passarmos a vivê-la da nossa forma. Estarmos disponíveis para aprender continuamente coisas novas eliminando crenças limitadoras, e livres para aprender a lidar com as nossas emoções, resolvendo-as, mesmo as mais profundas que muitas vezes vem da nossa criança interior. Por último e acima de tudo, permitirmos que a energia que nos envolve e nos interpenetra se instale e floresça dentro de nós, mostrando disponibilidade para a recebermos e para a vivermos sem limitações. No início a palavra que a define parece estranha e não fazer sentido, mas quando a entendemos ela é mesmo a mais indicada, amor.
P: E se eu não estiver interessado em fazer isso?
R: O melhor é não fazer nada e viver a vida sem te preocupares com isso, mas a partir do momento que temos consciência de algo fica difícil não fazermos nada.
Nesse caso, vamos ter de aprender a fazer limpezas energéticas e a ter muita paciência para as fazer, pois a energia estagnada dentro de ti vai aumentar, e para te sentires bem tens de afastar cada vez mais as energias que entram em sintonia contigo, até ao limite das limpezas apenas funcionarem por breves segundos, pois quando se movimenta energia ela vai ter tendência a transformar-se em estagnada, precisando de impulsos contínuos, e quanto mais a movimentares mais energia estagnada crias, e como ela vai entrar em ressonância com a energia estagnada que tens dentro de ti, irás sentir-te, apesar dos esforços, cada vez mais “pesado”, deprimido e sem motivação para viver.
P: E fazer limpezas energéticas aos espaços?
R: Pela mesma razão que expliquei anteriormente apenas estamos a criar mais energia estagnada. Devemos antes olhar para os espaços e eliminar pontos de estagnação, e lembrarmo-nos que a energia que existe num espaço é a resultante das pessoas que por ali circulam com mais regularidade.