Na escuridão os medos materializam-se, o conflito nasce por não sabermos com quem estamos a lutar e perdura por percepcionarmos que estamos a perder, a culpa permanece ao imaginarmos que fizemos algo errado, o ressentimento renasce a cada segundo, pois pensamos que os outros nos magoam ou magoaram, o julgamento insiste em germinar nas nossas mentes porque percepcionamos tudo como certo ou errado e no meio de tanto escuro não notamos que existem outros caminhos, e por ultimo a expectativa de encontrarmos algo que pensamos existir, mas que teima em não acontecer, essencialmente por nos enganarmos continuamente no caminho e na forma como caminhamos.

Basta a chama ténue de uma vela trémula, que tenha resistência suficiente ou mesmo a força e a persistência para se manter acesa no meio das tempestades e intempéries a que seja sujeita para que a escuridão não resista.

Combater a escuridão com escuridão apenas faz com que a escuridão prevaleça, combater a violência com violência, perpetuar a discriminação com discriminação, lutar por direitos criando mais direitos, lutar contra a diferença diferenciando-nos, reclamar da falta de mudança mantendo-se igual a si próprio, inventar subsídios a quem pede esmolas, e outros exemplos sem fim que poderíamos especificar, apenas mostram que a luz não existe nesses locais.

Aprender a acender e a manter a luz acesa é aquilo que viemos fazer ao planeta, e a palavra que expressa essa luz é Compaixão (Amor e Perdão juntos).

No início estranhamos a palavra, mas quando efectivamente a entendemos, Amor é mesmo a palavra certa para acender essa luz e quando ajudada pelo Perdão, fazem o par ideal para manter a chama eternamente acesa.

Todos nós sabemos que o que precisamos é de Amor e que essa é a energia básica de funcionamento de todo o Universo, mas como se coloca na prática e permitir que floresça é o segredo escondido por milhares de anos.

Tentar acender a luz com a escuridão tem sido um esforço enorme e sem sucesso, que nos têm vindo a ensinar e que perpetuamos sem entendermos com o que estamos a lidar.

Terá chegado o momento para mudar de direcção?

“Se estás a ouvir esta canção

Até podes pensar que os acordes estão errados

Mas efectivamente não estão, Ele escreveu-os assim

Se a escutares pela noite dentro

Até podes crer que a banda está a desafinar

Mas não está, eles tocam assim mesmo

E realmente não importa os acordes que tocamos

Nem as palavras que entoamos, ou mesmo que horas sejam

Nem que roupa usamos, ou se os nossos cabelos são castanhos

Vivermos, tal como somos e sentimos, pode até parecer desafinado 

Aos guardadores de sonhos e príncipes disfarçados de sapos enfadonhos

Que esperam na chuva

Vivendo um tipo de felicidade medido em milhas

Que quando sorriem, até podem pensar que são especiais

Como as crianças ninguém vos entende

Como se tivessem uma arma perigosa nas vossas mãos ansiosas e suadas

Vivendo onde a inocência é medida em anos

Sem saberem como é escutar os vossos medos e as vossas emoções

Adultos crescidos andando pelo parque

Amedrontados com medo do escuro

Uma espécie de solidão que transparece

Pensam que já sabem tudo, mas nem fazem ideia

Se se sentem sozinhos e perdidos, podem sempre falar connosco”

(Tradução e adaptação livre das musicas “Only a northern song” de George Harrisson e “Hey Buldog” de John Lennon e Paul Macartney)

Por: Paulo Pais